Eu exponho no sol!
Esta trata-se de uma série de trabalhos cujo mote foi o livro “Cidades invisíveis” de Italo Calvino. Não pretendendo nunca fazer uma mera ilustração do texto esta exposição é sobre a deambulação real ou imaginária num espaço, espaço que poderá, também ele, surgir como fruto da imaginação.
Proliferam representações arquitectónicas e alusões a trajectos e caminhos, mapas e plantas. Edifícios edificados pela imaginação.
Às técnicas tradicionais do desenho junta-se uma metáfora com linha, um tratamento da linha do desenho, numa expansão dos limites do desenho como disciplina, aparecem linhas que cosem o desenho, que criam um caminho como se, cada ponto, marcasse um passo na progressão do espaço que percorre.
A sinopse tornada (mais) púb(l)ica...
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
Anti-Cristo x 2
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
cidades invisíveis -exposição
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Mude
Se alguém, sem ser o Mr.B. lesse o meu blogue perguntar-me-ia:
-Margarida, então mas tu agora já não desenhas?
-Desenho! -responderia eu muito espantada com uma sobrancelha arqueada e tudo.
-Então mas já não tens postado os teus desenhos nem as esculturas nem aquelas merdas parvas todas que tu fazias- sujavas e chão e tudo!
E aí eu responderia muito assertivamente:
- Eh pah! Eu agora gosto mais do design e da moda e dessas coisas assim....
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Delicatessen
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
domingo, 8 de novembro de 2009
Público
Quero coser-te as calças meticulosamente de cada vez que se rasgam, quero rasgá-las para tas coser de novo, como se cada ponto fosse uma declaração do que sinto por ti.
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domingo, 1 de novembro de 2009
Março
Março: frio. A calçada ainda não secou das chuvas intensas dos últimos meses apesar de já não chover há semanas. O céu estava completamente encoberto há pouco, agora, espreitam uns raios de sol no meio de umas nuvens carregadas.
Ela: cortou o cabelo há dois dias, hoje vestiu a saia beije de três folhos e a blusa às bolinhas verdes. Sabe que não combina mas, tem calçados uns ténis. Dirige-se, insegura para a porta do teatro.
A rua: obras na rua que ela percorre para chegar ao teatro, buracos no chão, carros pesados.
Ele: trás a mochila cheia, assente apenas num ombro. Vestiu o casaco de cabedal castanho que lhe haviam dado e que detestava. Parecia mais velho. Colocou a sua expressão mais indiferente. Por vezes de súbito apercebia-se do peso que carregava na mão direita, não desviava o olhar para o ver mas tomava consciência da presença do violino.
Ela: sentia-se avançar agora completamente consciente de que andava, tomava consciência os seus pés um depois do outro, dos joelhos que flectiam e que distendiam, o braço inerte agarrava a mala que trazia ao ombro, ao invés, o outro bamboleava para a frente e para trás. Da distância dos seus olhos do chão, via avançar as pedras da calçada na direcção oposta àquela a que se dirigia.
Os carros: dois. Param para ela passar.
Ele: desce a escadas e vê-a. Concentra-se na indiferença.
Os dois: Ele estica-lhe o violino, ela segura-o. Ele tira a mochila do ombro, abre-a e entrega-lhe o saco. Ela não o abre e coloco-o na mala que trás ao ombro de onde tira dois ou três livros. Despedem-se cordialmente.
Ele: mantém-se indiferente.
Ela: apercebe-se da realidade.
Março: o Sol brilha.
Ela: cortou o cabelo há dois dias, hoje vestiu a saia beije de três folhos e a blusa às bolinhas verdes. Sabe que não combina mas, tem calçados uns ténis. Dirige-se, insegura para a porta do teatro.
A rua: obras na rua que ela percorre para chegar ao teatro, buracos no chão, carros pesados.
Ele: trás a mochila cheia, assente apenas num ombro. Vestiu o casaco de cabedal castanho que lhe haviam dado e que detestava. Parecia mais velho. Colocou a sua expressão mais indiferente. Por vezes de súbito apercebia-se do peso que carregava na mão direita, não desviava o olhar para o ver mas tomava consciência da presença do violino.
Ela: sentia-se avançar agora completamente consciente de que andava, tomava consciência os seus pés um depois do outro, dos joelhos que flectiam e que distendiam, o braço inerte agarrava a mala que trazia ao ombro, ao invés, o outro bamboleava para a frente e para trás. Da distância dos seus olhos do chão, via avançar as pedras da calçada na direcção oposta àquela a que se dirigia.
Os carros: dois. Param para ela passar.
Ele: desce a escadas e vê-a. Concentra-se na indiferença.
Os dois: Ele estica-lhe o violino, ela segura-o. Ele tira a mochila do ombro, abre-a e entrega-lhe o saco. Ela não o abre e coloco-o na mala que trás ao ombro de onde tira dois ou três livros. Despedem-se cordialmente.
Ele: mantém-se indiferente.
Ela: apercebe-se da realidade.
Março: o Sol brilha.
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quinta-feira, 29 de outubro de 2009
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
UHU
Colocava todos os dias o tubo de cola UHU de embalagem azul no bolso de dentro do casaco - quase sempre o mesmo.
Fechava-o meticulosamente. apertava a tampa com tanta força até que as pontas dos dedos primeiro ficassem vermelhas depois, gradualmente. perdessem a cor.
Seguia sempre decidido, sem abrandar o passo, numa sucessão de pequenos passinhos rápidos acompanhada por um apertar constante da mão contra o casaco no sítio onde estava o tubo de cola. Este era-lhe essencial.
A certa altura num gesto brusco abria o casaco e tirava o tubo de cola, sentia desprender-se-lhe da cara a metade dos óculos que lhe restava.
Retirava os meios-óculos da cara, espalhava cola pela armação e pela haste direita que sobrava.Deixava cair um pingo de cola no meio das sobrancelhas, na zona onde a armação assentaria no nariz.
Empurra os meios óculos contra a cara satisfeito por recuperar a sua peculiar forma de ver o mundo.
Fechava-o meticulosamente. apertava a tampa com tanta força até que as pontas dos dedos primeiro ficassem vermelhas depois, gradualmente. perdessem a cor.
Seguia sempre decidido, sem abrandar o passo, numa sucessão de pequenos passinhos rápidos acompanhada por um apertar constante da mão contra o casaco no sítio onde estava o tubo de cola. Este era-lhe essencial.
A certa altura num gesto brusco abria o casaco e tirava o tubo de cola, sentia desprender-se-lhe da cara a metade dos óculos que lhe restava.
Retirava os meios-óculos da cara, espalhava cola pela armação e pela haste direita que sobrava.Deixava cair um pingo de cola no meio das sobrancelhas, na zona onde a armação assentaria no nariz.
Empurra os meios óculos contra a cara satisfeito por recuperar a sua peculiar forma de ver o mundo.
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terça-feira, 27 de outubro de 2009
sábado, 24 de outubro de 2009
declaração de amor
Tu não és o meu sapato, tu és as minhas unhas dos pés.
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quinta-feira, 22 de outubro de 2009
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
terça-feira, 13 de outubro de 2009
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
domingo, 27 de setembro de 2009
exposição
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
domingo, 20 de setembro de 2009
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
domingo, 13 de setembro de 2009
pé
Fantasiava com ela desde que a conhecera, não que fosse a típica rapariga com quem se fantasia mas porque tinha um encanto especial.
Sorria sempre entre amigos, pareceia-me em alguns momentos, uma das pessoas mais bonitas do mundo, com aquele seu dentinho encavalitado de lado, os olhos redondinhos escuros e o cabelo sempre desgrenhado.
Fomos falando cada vez mais e cada vez lhe encontrava mais encantos.
Passei a reparar-lhe nos sapatos, era engraçado nunca tinha reparado nos sapatos que usava, sendo todos eles tão característicos um bocadinho de salto o dedinho a ver-se em dois ou três pares, rasos com uma flor de lado, tinha uns de veludo bourdeux que tinha cuidado não usar nos dias de chuva. E tinha uns botins de salto alto com uns atacadores muito fininhos que em jeito de brincadeira lhe dizia serem os seu sapatos de sapateado.
Já estava naquela fase em que tudo nela me agradava.
Apareceu com os botins ao jantar em casa de uns amigos. fomos ficando sem pressa, os grupos foram-se dispersando eu absorto só lhe conseguia olhar para os botins, sabia de cor as características de todos os seus pares de sapatos, quer de verão quer de inverno, apercebi-me que as particularidades tão peculiares que eu encontrava nos seus sapatos não eram senão o reflexo do desejo de a ver descalça.
Pedi-lhe, ela acedeu.
Perdi o interesse.
Sorria sempre entre amigos, pareceia-me em alguns momentos, uma das pessoas mais bonitas do mundo, com aquele seu dentinho encavalitado de lado, os olhos redondinhos escuros e o cabelo sempre desgrenhado.
Fomos falando cada vez mais e cada vez lhe encontrava mais encantos.
Passei a reparar-lhe nos sapatos, era engraçado nunca tinha reparado nos sapatos que usava, sendo todos eles tão característicos um bocadinho de salto o dedinho a ver-se em dois ou três pares, rasos com uma flor de lado, tinha uns de veludo bourdeux que tinha cuidado não usar nos dias de chuva. E tinha uns botins de salto alto com uns atacadores muito fininhos que em jeito de brincadeira lhe dizia serem os seu sapatos de sapateado.
Já estava naquela fase em que tudo nela me agradava.
Apareceu com os botins ao jantar em casa de uns amigos. fomos ficando sem pressa, os grupos foram-se dispersando eu absorto só lhe conseguia olhar para os botins, sabia de cor as características de todos os seus pares de sapatos, quer de verão quer de inverno, apercebi-me que as particularidades tão peculiares que eu encontrava nos seus sapatos não eram senão o reflexo do desejo de a ver descalça.
Pedi-lhe, ela acedeu.
Perdi o interesse.
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sexta-feira, 11 de setembro de 2009
Tenho na mania que sou esperta então falo sobre livros num blogue que ninguém lê!
Não gostei do 30 gramas!
Parece-me algo que pretendia ser um peido intelectual daqueles que até deita molho, mas afinal saiu uma bufita sem cheiro!
A escrita não me parece muito cuidada, assemelha-se com o que o meu irmão escreve nas composições da escola.
Sim a ideia é engraçada mas poderia ter sido mais explorada relactivamente aos desenvolvimentos da história, acho que informção às vezes é colocada ao estilo teste de história da arte portuguesa quando se diz que o Soares dos Reis gostava de jardinar...
Mas isto digo eu...
Parece-me algo que pretendia ser um peido intelectual daqueles que até deita molho, mas afinal saiu uma bufita sem cheiro!
A escrita não me parece muito cuidada, assemelha-se com o que o meu irmão escreve nas composições da escola.
Sim a ideia é engraçada mas poderia ter sido mais explorada relactivamente aos desenvolvimentos da história, acho que informção às vezes é colocada ao estilo teste de história da arte portuguesa quando se diz que o Soares dos Reis gostava de jardinar...
Mas isto digo eu...
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
merda d´artista.II
"Quando se diz que queremos equiparar a arte à vida não estamos a falar da vidinha, mas da vida como processo criativo,avassalador, presente em toda a parte, maravilhosa recombinação de átomos, células, fórmulas, mecanismos, comportamentos, destinos. Uma bactéria também é uma obra de arte. A merda também é uma obra de arte. Para quê perturbar este notável pressuposto?"
30 gramas pág.51
30 gramas pág.51
domingo, 30 de agosto de 2009
terça-feira, 25 de agosto de 2009
Erecção
"-O seu desejo mais intimo....
-Ser homem por um dia, mas apenas por um dia, para ter uma erecção.
Também eu desejei ter uma erecção ali mesmo,um formigueirinho entre as pernas,o meu pénis , recém-adquirido, ao inchar, levantava-me um pouco a saia eu afastava a cadeira da mesa para ver melhor, discretamente levantava o resto da saia e olhava-o.
Inchado.
Escuro.
Com veias sobressaídas.
Viscoso.
Não me queria tornar um homem por um dia para ter uma erecção, queria apenas tê-la."
-Ser homem por um dia, mas apenas por um dia, para ter uma erecção.
Também eu desejei ter uma erecção ali mesmo,um formigueirinho entre as pernas,o meu pénis , recém-adquirido, ao inchar, levantava-me um pouco a saia eu afastava a cadeira da mesa para ver melhor, discretamente levantava o resto da saia e olhava-o.
Inchado.
Escuro.
Com veias sobressaídas.
Viscoso.
Não me queria tornar um homem por um dia para ter uma erecção, queria apenas tê-la."
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segunda-feira, 24 de agosto de 2009
Arranca corações
shivers
O Carlos, preto, surdo e mudo acha que ser homossexual é nojento...
o Carlos tem uma t-shirt dos shivers...mas tem desculpa porque é surdo!
o Carlos tem uma t-shirt dos shivers...mas tem desculpa porque é surdo!
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
Emmanuelle
"" A única arte que está à altura do homem do espaço, a única capaz de o conduzir mais longe do que as estrelas, como as figuras de ocre e de fumo abriram para o futuro as paredes das suas cavernas, é o erotismo."
Emmanuelle, de Emmanuelle Arsan
sábado, 25 de julho de 2009
quinta-feira, 23 de julho de 2009
segunda-feira, 13 de julho de 2009
quarta-feira, 1 de julho de 2009
oh menina.
segunda-feira, 29 de junho de 2009
Já foste à wikipedia hoje?
Fado= Destino
A rapariga cantava prodigiosamente mal, mandavam-na calar na catequese para não destoar dos colegas, à noite sonhava que chegaria na próxima sessão da catequese e que quando cantasse lhe saíria, não a sua voz, mas a da Amália.
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quinta-feira, 25 de junho de 2009
Fátima....
No dia da partida, de manhã vestiu os calções e uma t-shirt com nossa senhora estampada. A imagem era qualquer coisa de etéreo, parecia a aparição ela mesma que desta vez acontecera numa t-shirt ao invés de numa árvore. Na cabeça um boné verde e às costas uma pequena mochila com o essencial.
Partiu pela fresca com convicção, de joelhos. Trezentos quilómetros que seriam pouco para agradecer o que nossa Senhora fizera por ele, um sacrifício que na realidade era uma agradecimento.
De joelhos, ao sol, trezentos quilómetros...os joelhos em sangue cravejados de gravilha, mas aguentava, sem vacilar fechava os olhos e via-A. Continuava sem nunca pensar em desistir, ao fim ao cabo já não tinha cancro nossa senhora salvara-o.
As feridas nos joelhos não eram nada comparado do que ela o salvara.
As feridas pioravam mas isso não era nada, ela estava ali...sempre a seu lado, ele via-a, sorrindo-lhe serenamente mostrava que acreditava nele.
A morte foi serena.
A gangrena causada pelas feridas alastrara mas ele não deu por nada porque ela o pacificara, a sua presença abstraira-o e tornara a sua morte num calmo milagre.
Partiu pela fresca com convicção, de joelhos. Trezentos quilómetros que seriam pouco para agradecer o que nossa Senhora fizera por ele, um sacrifício que na realidade era uma agradecimento.
De joelhos, ao sol, trezentos quilómetros...os joelhos em sangue cravejados de gravilha, mas aguentava, sem vacilar fechava os olhos e via-A. Continuava sem nunca pensar em desistir, ao fim ao cabo já não tinha cancro nossa senhora salvara-o.
As feridas nos joelhos não eram nada comparado do que ela o salvara.
As feridas pioravam mas isso não era nada, ela estava ali...sempre a seu lado, ele via-a, sorrindo-lhe serenamente mostrava que acreditava nele.
A morte foi serena.
A gangrena causada pelas feridas alastrara mas ele não deu por nada porque ela o pacificara, a sua presença abstraira-o e tornara a sua morte num calmo milagre.
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domingo, 21 de junho de 2009
Quase kafka
É um sentimento quase kafkiano tentar levá-la a fazer aquilo que ela teme.
Está ali mesmo ao meu alcance e ao alcance dela mas nem eu nem ela o conseguimos atingir.
Eu queria que ela o fizesse era melhor para ela, ela diz que eu tenho razão e baixa a cabeça.
Só queria que ambos ultrapassássemos o complexo Kafka.
Está ali mesmo ao meu alcance e ao alcance dela mas nem eu nem ela o conseguimos atingir.
Eu queria que ela o fizesse era melhor para ela, ela diz que eu tenho razão e baixa a cabeça.
Só queria que ambos ultrapassássemos o complexo Kafka.
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quinta-feira, 18 de junho de 2009
Consulta
- Sabe doutor tenho vontade de fazer mal a mim próprio...às vezes coisas simples, se me sinto mais triste, não é preciso acontecer nada de especial ou terrível, tenho vontade de espetar um garfo no braço e fazê-lo entrar bem funto até que os dentes toquem no osso o que a parte mais grossa também ela se enterre.O sangue há-de jorrar e espalhar-se pelas minhas roupas e a dor vai ser praseirosa como uma dentada de amor....sei que há qualquer coisa de errado aqui...um psiquiatra não deveria ter um divã?
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segunda-feira, 15 de junho de 2009
O fumo prometido.
A casa dos meus avós era no campo, a porta da cozinha, que dava para a marquise cujo chão se inundara com vasos de plástico a imitar o barro , estava sempre aberta apenas protegida contra as moscas por uma rede de plástico que se encardira com o tempo.
Todos os segundos Domingos do mês, aquando do mercado do mensal o meu avô ia buscar-me a casa para ver a feira e depois seguíamos para casa onde a minha avó nos esperava com o almoço feito.
A minha avó tirava-me sempre as espinhas do peixe e descascava-me as batatas, ao almoço ouvíamos o noticiário- como lhe chamava o meu avô - no fim do noticiário, já o meu avô tinha terminado o almoço eu sentava-me muito junto a ele e ficava à espera.
A minha avó colocava o cinzeiro e os fósforos no canto da mesa.
- É isto que ainda te há-de matar- dizia sempre.
Tirava o maço de Português amarelo do bolso da camisa e acendia o cigarro.
Era aquele o momento pelo qual eu esperava...o primeiro bafo aquele cheiro inundava-me as narinas, dava-me prazer. Ao segundo afastava-me, já o cheiro era diferente.
Hoje todos os dias meto 3,40 euros na máquina e tiro um Português amarelo, nos dias bons lembro-me do meu avô, dos almoços e das voltas na feita, outros tenho em que me lembro do João César Monteiro.
Todos os segundos Domingos do mês, aquando do mercado do mensal o meu avô ia buscar-me a casa para ver a feira e depois seguíamos para casa onde a minha avó nos esperava com o almoço feito.
A minha avó tirava-me sempre as espinhas do peixe e descascava-me as batatas, ao almoço ouvíamos o noticiário- como lhe chamava o meu avô - no fim do noticiário, já o meu avô tinha terminado o almoço eu sentava-me muito junto a ele e ficava à espera.
A minha avó colocava o cinzeiro e os fósforos no canto da mesa.
- É isto que ainda te há-de matar- dizia sempre.
Tirava o maço de Português amarelo do bolso da camisa e acendia o cigarro.
Era aquele o momento pelo qual eu esperava...o primeiro bafo aquele cheiro inundava-me as narinas, dava-me prazer. Ao segundo afastava-me, já o cheiro era diferente.
Hoje todos os dias meto 3,40 euros na máquina e tiro um Português amarelo, nos dias bons lembro-me do meu avô, dos almoços e das voltas na feita, outros tenho em que me lembro do João César Monteiro.
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Braille sussurrado
A filha conhecia todas as histórias de cor, todos os clássicos lhe chegavam sussurrados aos ouvidos embalados pelo silêncio da noite.
Deitava-se na cama e não precisava de abrir o livro que continuava descansado na cabeceira de onde nunca tinha saído, que só não estava cheio de pó porque invariavelmente todos os sábados era limpo durante a limpeza semanal.
No quarto ao lado, a mãe e o pai deitados lado a lado com a cabeça recostada em duas almofadas cada um. A mãe, mais nova que o pai enverga uma camisa de noite impecavelmente engomada,coloca os óculos ao peito presos por um fio verde.
- Hoje apetece-te o quê?
- Podes continuar o do Llosa..
A mãe segura no livro, coloca os óculos e começa a ler alto.
O pai, cego, escuta com os olhos vazios e imagina as cenas dos livros da mesma forma que imagina tudo o que o rodeia no seu dia-a-dia, a filha no quarto ao lado de olhos abertos com a luz apagada faz o mesmo.
Deitava-se na cama e não precisava de abrir o livro que continuava descansado na cabeceira de onde nunca tinha saído, que só não estava cheio de pó porque invariavelmente todos os sábados era limpo durante a limpeza semanal.
No quarto ao lado, a mãe e o pai deitados lado a lado com a cabeça recostada em duas almofadas cada um. A mãe, mais nova que o pai enverga uma camisa de noite impecavelmente engomada,coloca os óculos ao peito presos por um fio verde.
- Hoje apetece-te o quê?
- Podes continuar o do Llosa..
A mãe segura no livro, coloca os óculos e começa a ler alto.
O pai, cego, escuta com os olhos vazios e imagina as cenas dos livros da mesma forma que imagina tudo o que o rodeia no seu dia-a-dia, a filha no quarto ao lado de olhos abertos com a luz apagada faz o mesmo.
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quarta-feira, 3 de junho de 2009
segunda-feira, 1 de junho de 2009
As cidades invisíveis
Marco Polo descreve uma ponte, pedra a pedra.
- Mas qual é a pedra que sustém a ponte?-perguna Kublai Kan.
-A ponte não é sustida por esta ou por aquela pedra-responde Marco- mas sim pela linha do arco que elas formam.
Kublai Kan permanece silencioso, reflectindo.Depois acrescenta:- Porque me falas das pedras? É só o arco que me importa.
Polo responde:- Sem pedras não há arco.
in As cidades invisíveis de Italo Calvino
- Mas qual é a pedra que sustém a ponte?-perguna Kublai Kan.
-A ponte não é sustida por esta ou por aquela pedra-responde Marco- mas sim pela linha do arco que elas formam.
Kublai Kan permanece silencioso, reflectindo.Depois acrescenta:- Porque me falas das pedras? É só o arco que me importa.
Polo responde:- Sem pedras não há arco.
in As cidades invisíveis de Italo Calvino
quarta-feira, 27 de maio de 2009
segunda-feira, 25 de maio de 2009
quarta-feira, 20 de maio de 2009
Fé
Em pequena fiz um teste a Nossa Senhora de Fátima...
A minha avó tinha-me trazido uma imagem de nossa Senhora aquando de uma sua visita ao santuário, quando ma entregou não me lembro do que me disse ao certo, mas a certeza é e que me deixou convencida de que aquela imagem era de facto muito especial quase com poderes mágicos ou qualquer coisa do género.
Quando comecei a ter mais alguma consciência, comecei por questionar aquela imagem, acho que ainda antes de questionar se de facto Deus existiria.
Já as minhas duvidas duravam há uns largos meses, então decido fazer um teste.
Escrevi um papel que coloquei debaixo da imagem com as letras viradas para baixo e disse em oração:
- Nossa Senhora se existes mesmo este papel amanhã vai estar virado ao contrario.
Nunca mais acreditei em qualquer santo ou santa.
A minha avó tinha-me trazido uma imagem de nossa Senhora aquando de uma sua visita ao santuário, quando ma entregou não me lembro do que me disse ao certo, mas a certeza é e que me deixou convencida de que aquela imagem era de facto muito especial quase com poderes mágicos ou qualquer coisa do género.
Quando comecei a ter mais alguma consciência, comecei por questionar aquela imagem, acho que ainda antes de questionar se de facto Deus existiria.
Já as minhas duvidas duravam há uns largos meses, então decido fazer um teste.
Escrevi um papel que coloquei debaixo da imagem com as letras viradas para baixo e disse em oração:
- Nossa Senhora se existes mesmo este papel amanhã vai estar virado ao contrario.
Nunca mais acreditei em qualquer santo ou santa.
sexta-feira, 15 de maio de 2009
sexta-feira, 8 de maio de 2009
oh miguel!
segunda-feira, 4 de maio de 2009
Nin
quando for grande....
...vou ser escritora de contos eróticos como a Anaiis Nin.
(eu sei que leva um trema no i mas eu não sei meter!)
(eu sei que leva um trema no i mas eu não sei meter!)
quarta-feira, 29 de abril de 2009
oh joana!
sábado, 25 de abril de 2009
quinta-feira, 23 de abril de 2009
Abril.
Não tinha nascido ainda aquando da revoluçao, anda de uma lado para o outro tinha o meu pai 14 anos, mas esta data mexe comigo!
Porquê? Porque agradeço viver numa sociedade com liberdade de expressão, onde apesar de poderem ser uma merda os governantes são escolhidos pelo povo em eleições livres, onde a população tem voz activa e mesmo que não tenha pão pode dizê-lo em voz alta...
Temos de lutar contra outras foças que não uma ditadura? Sim!
Forças mais dificeis de serem combatidas? Sim...
As forças são agora obscuras, é verdade mas mesmo assim...estas forças seriam ainda mais dificeis de combater apoiadas por um regime totalitário...
"Não sei se a democracia é o sistema perfeito, mas é o único que conheço e me permite vir para a rua dizer o que me apetece. Deixemo-nos de hipocrísias;as coisas nem são completamente boas, nem completamente más.Acima de tudo, que tenhamos sempre a liberdade para continuar a poder escolher"
Sergio Godinho. (na frase e abaixo).
Porquê? Porque agradeço viver numa sociedade com liberdade de expressão, onde apesar de poderem ser uma merda os governantes são escolhidos pelo povo em eleições livres, onde a população tem voz activa e mesmo que não tenha pão pode dizê-lo em voz alta...
Temos de lutar contra outras foças que não uma ditadura? Sim!
Forças mais dificeis de serem combatidas? Sim...
As forças são agora obscuras, é verdade mas mesmo assim...estas forças seriam ainda mais dificeis de combater apoiadas por um regime totalitário...
"Não sei se a democracia é o sistema perfeito, mas é o único que conheço e me permite vir para a rua dizer o que me apetece. Deixemo-nos de hipocrísias;as coisas nem são completamente boas, nem completamente más.Acima de tudo, que tenhamos sempre a liberdade para continuar a poder escolher"
Sergio Godinho. (na frase e abaixo).
terça-feira, 21 de abril de 2009
segunda-feira, 20 de abril de 2009
Sei lá! um português suave....
Ontem vi a Margarida Rebelo Pinto, a rainha da literatura light ou dos chamados livros para dona de casa, toda ela é tão light, tem mesmo aquele ar de quem bebe coca-cola light, come queijo light , iogurtes light...
Quem a lê? Sei lá!Mas devem ser mulheres que comem feijoada empurrada a sumol light.
Quem a lê? Sei lá!Mas devem ser mulheres que comem feijoada empurrada a sumol light.
domingo, 19 de abril de 2009
Conto
Um dia escrevi um conto, mas era um conto que não acrescentava ponto, como quem conta um conto deve acrescentar um ponto, eu não conto o meu conto!
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sexta-feira, 17 de abril de 2009
maternalismos
Sempre detestei aquelas cenas do " filha mostra lá à prima como faz o burro..." e a criança faz de burro. " onde está o nariz?" a miuda ponta e ri. "onde está a boca?" a miuda volta a apontar e a rir...isto durante largos minutos e com algumas insistèncias..."vá filha mostra lá!"
A dada altura faz-me lembrar os concursos dos cães e então só penso nisso...não é uma questão de desenvolver as capacidades do animal mas de mostrar as já desenvolvidas...
Mas ontem, a miuda era tão gira que dei por mim "joana onde fica o nariz, e a boca, e o rabo..." Acho que são instintos maternais a sairem das profundezas do inferno...tenho de ir foder para ver se passa.
A dada altura faz-me lembrar os concursos dos cães e então só penso nisso...não é uma questão de desenvolver as capacidades do animal mas de mostrar as já desenvolvidas...
Mas ontem, a miuda era tão gira que dei por mim "joana onde fica o nariz, e a boca, e o rabo..." Acho que são instintos maternais a sairem das profundezas do inferno...tenho de ir foder para ver se passa.
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Taxidermia
terça-feira, 14 de abril de 2009
quarta-feira, 8 de abril de 2009
quinta-feira, 2 de abril de 2009
Paris no Porto
M- O que é que tem a ver a torre Eiffel e o Porto?
C- Agora o Porto tem uma torre Eiffel...
M-Pah isto é tão parvo que vou tirar uma foto...
C- De facto merece...
Algumas horas depois....
M- Olha lá esta foto, torre Eiffel... Porto....
P- Porque são francesinhas....
( O primeiro diálogo foi mais longo e entraram mais pessoas...seis ao todo... mas seria demasiado humilhante uma reproduçao completa...)
sexta-feira, 27 de março de 2009
Cenas várias e aleatórias
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