A casa dos meus avós era no campo, a porta da cozinha, que dava para a marquise cujo chão se inundara com vasos de plástico a imitar o barro , estava sempre aberta apenas protegida contra as moscas por uma rede de plástico que se encardira com o tempo.
Todos os segundos Domingos do mês, aquando do mercado do mensal o meu avô ia buscar-me a casa para ver a feira e depois seguíamos para casa onde a minha avó nos esperava com o almoço feito.
A minha avó tirava-me sempre as espinhas do peixe e descascava-me as batatas, ao almoço ouvíamos o noticiário- como lhe chamava o meu avô - no fim do noticiário, já o meu avô tinha terminado o almoço eu sentava-me muito junto a ele e ficava à espera.
A minha avó colocava o cinzeiro e os fósforos no canto da mesa.
- É isto que ainda te há-de matar- dizia sempre.
Tirava o maço de Português amarelo do bolso da camisa e acendia o cigarro.
Era aquele o momento pelo qual eu esperava...o primeiro bafo aquele cheiro inundava-me as narinas, dava-me prazer. Ao segundo afastava-me, já o cheiro era diferente.
Hoje todos os dias meto 3,40 euros na máquina e tiro um Português amarelo, nos dias bons lembro-me do meu avô, dos almoços e das voltas na feita, outros tenho em que me lembro do João César Monteiro.
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